Depoimento de Kleber realizado na Comunidade Gensei-Ryu Karate-Do
Nanbeikai do Orkut a respeito do Sensei Antonio de Souza Lima:
Eu tinha uns 10 anos quando assisti, pela primeira vez, uma
apresentação de Karatê. Foi em um antigo centro comunitário e o
professor, auxiliado por seus alunos, mostrou algumas técnicas desta
arte e, além disso, falou bastante sobre o “pensamento” subjacente e
indissociável do Karatê: respeito à vida, humildade, tolerância,
cortesia... lembro como se fosse hoje, seus olhos brilhavam. Apesar de
ainda criança eu compreendi sua mensagem. Compreendi que o Karatê não é
só troca de socos e chutes (embora seja, sem dúvida, uma arte letal),
que o Karatê é, em certo sentido, uma religião, porque exige
espiritualidade. Exige que se respeite o outro, a si mesmo e a
natureza. Eu era só uma criança, mas sua mensagem me impressionou
profundamente e exerceu forte influência na minha vida. Sou muito grato
ao professor Antonio Lima, por sua dedicação à antiga arte de Okinawa,
pois, quer ele saiba disso ou não, seu ensinamento tem ajudado muitas
pessoas que, como eu, têm o privilégio de estar perto deste professor.
Antonio Lima passou muito tempo fora do Brasil, 17 anos. Nesse período,
Lima San esteve na Terra do Sol Nascente, o Japão. O professor Antonio
já tinha uma história respeitável no Karatê do Pará, antes de ir ao
Japão. Lá, ele “comeu o pão que o diabo amassou”. Não é fácil morar no
Japão: o custo de vida é alto, os cursos de Karatê são caros e,
queira-se ou não, há o preconceito contra brasileiros. Mesmo com essas
e muitas outras adversidades a vontade de aprender era maior e, com
muita humildade e perseverança, Antonio Lima sagrou-se 7º Dan de
Karatê. “7º Dan”, repito, conseguido no Japão, com exame e tudo. Não
foi uma graduação por “tempo decorrido” ou por “merecimento” sem exame.
Os exames japoneses são rigorosos. “Dan”, no Japão, quer dizer muito,
não se consegue fácil. Antonio Lima decidiu dedicar-se ao Genseiryu,
embora seja um profundo conhecedor do estilo Shotokan.
Há mais ou menos dois anos o professor Antonio Lima está de volta ao
Brasil, com uma academia de Karatê no 40 horas, um bairro pobre de
Ananindeua. Nisso se vê muito de seu caráter, pois seu trabalho tem
ajudado aquela comunidade. Ele desenvolve um trabalho social com muitas
senhoras do bairro, além de ajudar muitas crianças bolsistas. Que
professor, com a qualificação de Antonio Lima, faz uma trabalho
voluntário como esse? Quem vê esse tipo de atividade pode pensar
tratar-se de alguém que ganha muito dinheiro, o que não é o caso. Às
vezes eu tenho que dizer:” Sensei, pare de receber bolsistas, senão a
academia e o senhor não terão como se manter”. Mas eu o entendo, pois
hoje aquelas crianças e adolescente são seu cartão de visitas, o nível
técnico dos seus alunos cresceu muito.
Quando eu conheci Antonio
Lima, há 21 anos atrás, pensei estar diante de um grande mestre de
Karatê, e estava. Hoje, tenho a honra de estar diante de um mestre
muito, mas muito melhor que o que eu conheci, quando criança. Antonio
Lima, enquanto esteve no Japão, não perdeu tempo, treinava até nos
intervalos do trabalho. Fez muitos cursos. Tornou-se amigo de muitos
mestres japoneses e aprendeu muito com eles também. Penso que essa é
uma virtude de Antonio Lima: ele sabe muito, sabe que sabe, mas mesmo
assim está disposto a aprender com outros professores. Por isso ele
chegou ao elevado nível técnico e de conhecimento da arte que tem hoje.
Sei que ainda vou aprender muito com Lima San. As atividades
diárias me impedem de treinar tanto quanto eu gostaria. Mas eu admiro a
forma e a velocidade do professor Antonio, a despeito de seus mais de
50 anos. Tenho muito o que melhorar e aprender com este professor e
amigo e, assim espero, esse aprendizado durará o resto de minha vida,
pois, permita-me dizer professor: o nível técnico de seu karatê é
impressionante! Isso, somado a excelente pessoa que o senhor é fazem
uma bela combinação.
Conta-se que, certa ver, Isaac Newton disse: "se consegui enxergar mais
longe é porque estava apoiado sobre ombros de gigantes". É assim que me
sinto, quer dizer, não quanto a “enxergar mais longe”, pois não tenho
essa pretensão, mas quanto a estar apoiado sobre os ombros de “um
gigante” do Karatê: “gigante” em conhecimento da arte, “gigante” em
nível técnico, “gigante” em criatividade. Além disso, o professor
Antonio tem um coração “gigante”, é um grande amigo e uma pessoa de
honestidade à toda prova. Obrigado por tudo professor!
OSS!