terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

"SOBRE OS OMBROS DE GIGANTES"

Depoimento de Kleber realizado na Comunidade Gensei-Ryu Karate-Do Nanbeikai do Orkut a respeito do Sensei Antonio de Souza Lima:

Eu tinha uns 10 anos quando assisti, pela primeira vez, uma apresentação de Karatê. Foi em um antigo centro comunitário e o professor, auxiliado por seus alunos, mostrou algumas técnicas desta arte e, além disso, falou bastante sobre o “pensamento” subjacente e indissociável do Karatê: respeito à vida, humildade, tolerância, cortesia... lembro como se fosse hoje, seus olhos brilhavam. Apesar de ainda criança eu compreendi sua mensagem. Compreendi que o Karatê não é só troca de socos e chutes (embora seja, sem dúvida, uma arte letal), que o Karatê é, em certo sentido, uma religião, porque exige espiritualidade. Exige que se respeite o outro, a si mesmo e a natureza. Eu era só uma criança, mas sua mensagem me impressionou profundamente e exerceu forte influência na minha vida. Sou muito grato ao professor Antonio Lima, por sua dedicação à antiga arte de Okinawa, pois, quer ele saiba disso ou não, seu ensinamento tem ajudado muitas pessoas que, como eu, têm o privilégio de estar perto deste professor.
Antonio Lima passou muito tempo fora do Brasil, 17 anos. Nesse período, Lima San esteve na Terra do Sol Nascente, o Japão. O professor Antonio já tinha uma história respeitável no Karatê do Pará, antes de ir ao Japão. Lá, ele “comeu o pão que o diabo amassou”. Não é fácil morar no Japão: o custo de vida é alto, os cursos de Karatê são caros e, queira-se ou não, há o preconceito contra brasileiros. Mesmo com essas e muitas outras adversidades a vontade de aprender era maior e, com muita humildade e perseverança, Antonio Lima sagrou-se 7º Dan de Karatê. “7º Dan”, repito, conseguido no Japão, com exame e tudo. Não foi uma graduação por “tempo decorrido” ou por “merecimento” sem exame. Os exames japoneses são rigorosos. “Dan”, no Japão, quer dizer muito, não se consegue fácil. Antonio Lima decidiu dedicar-se ao Genseiryu, embora seja um profundo conhecedor do estilo Shotokan.

Há mais ou menos dois anos o professor Antonio Lima está de volta ao Brasil, com uma academia de Karatê no 40 horas, um bairro pobre de Ananindeua. Nisso se vê muito de seu caráter, pois seu trabalho tem ajudado aquela comunidade. Ele desenvolve um trabalho social com muitas senhoras do bairro, além de ajudar muitas crianças bolsistas. Que professor, com a qualificação de Antonio Lima, faz uma trabalho voluntário como esse? Quem vê esse tipo de atividade pode pensar tratar-se de alguém que ganha muito dinheiro, o que não é o caso. Às vezes eu tenho que dizer:” Sensei, pare de receber bolsistas, senão a academia e o senhor não terão como se manter”. Mas eu o entendo, pois hoje aquelas crianças e adolescente são seu cartão de visitas, o nível técnico dos seus alunos cresceu muito.
Quando eu conheci Antonio Lima, há 21 anos atrás, pensei estar diante de um grande mestre de Karatê, e estava. Hoje, tenho a honra de estar diante de um mestre muito, mas muito melhor que o que eu conheci, quando criança. Antonio Lima, enquanto esteve no Japão, não perdeu tempo, treinava até nos intervalos do trabalho. Fez muitos cursos. Tornou-se amigo de muitos mestres japoneses e aprendeu muito com eles também. Penso que essa é uma virtude de Antonio Lima: ele sabe muito, sabe que sabe, mas mesmo assim está disposto a aprender com outros professores. Por isso ele chegou ao elevado nível técnico e de conhecimento da arte que tem hoje.
Sei que ainda vou aprender muito com Lima San. As atividades diárias me impedem de treinar tanto quanto eu gostaria. Mas eu admiro a forma e a velocidade do professor Antonio, a despeito de seus mais de 50 anos. Tenho muito o que melhorar e aprender com este professor e amigo e, assim espero, esse aprendizado durará o resto de minha vida, pois, permita-me dizer professor: o nível técnico de seu karatê é impressionante! Isso, somado a excelente pessoa que o senhor é fazem uma bela combinação.

Conta-se que, certa ver, Isaac Newton disse: "se consegui enxergar mais longe é porque estava apoiado sobre ombros de gigantes". É assim que me sinto, quer dizer, não quanto a “enxergar mais longe”, pois não tenho essa pretensão, mas quanto a estar apoiado sobre os ombros de “um gigante” do Karatê: “gigante” em conhecimento da arte, “gigante” em nível técnico, “gigante” em criatividade. Além disso, o professor Antonio tem um coração “gigante”, é um grande amigo e uma pessoa de honestidade à toda prova. Obrigado por tudo professor!

OSS!